PERFORMANCE DIAGNÓSTICA SD-OCT e HRT EM CASOS RELEVANTES NA PRÁTICA CLÍNICA DIÁRIA

Mauro-LeiteEditor Associado e Comentarios por Mauro Leite sobre:
Ref.: Diagnosing preperimetric glaucoma with spectral domain optical coherence tomography..
Lisboa R, Leite MT, Zangwill LM, Tafreshi A, Weinreb RN, Medeiros FA.
Ophthalmology. 2012 Nov;119(11):2261-9.

 

Diversos estudos são publicados todos os anos analisando a capacidade dos instrumentos de imagem em diferenciar pacientes com glaucoma dos pacientes saudáveis. Na maioria desses estudos, os pacientes são previamente classificados em normais ou portadores de glaucoma em uma análise transversal. Em seguida, o exame de imagem é realizado e a habilidade de diferenciar os dois grupos é medida.O problema é que, em quase todos os estudos, o grupo dos portadores de glaucoma é definido por indivíduos que já apresentam defeitos no campo visual, e o grupo controle é composto de indivíduos que não apresentam sinais de glaucoma (PIO, campo visual e aparência do disco optico normais), possivelmente hiperestimando a acurácia diagnostica.

O problema é que, em quase todos os estudos, o grupo dos portadores de glaucoma é definido por indivíduos que já apresentam defeitos no campo visual, e o grupo controle é composto de indivíduos que não apresentam sinais de glaucoma (PIO, campo visual e aparência do disco optico normais), possivelmente hiperestimando a acurácia diagnostica.

Para contornar essas importantes limitações e buscando avaliar a utilidade dos exames de imagem na prática, Lisboa e colaboradores seguiram longitudinalmente 134 olhos suspeitos de glaucoma baseando-se na aparência suspeita do disco óptico, todos com campos visuais normais ao longo de todo acompanhamento. Após um seguimento médio de cerca de 14 anos, os pacientes foram classificados em dois grupos de acordo com a presença ou ausência de progressão estrutural observadas à retinografia.

O grupo que apresentou progressão no disco óptico ao longo do tempo foi classificado como glaucoma e os pacientes sem alteração no disco optico ao longo do tempo foram usados como controle. Os autores então avaliaram a acurácia diagnostica do Spectralis SD-OCT (Spectral Domain Otic Coherence Tomography, Heidelberg Engineering) e do HRT (Heidelberg retina tomograph, Heidelberg Engineering) em detectar os casos de glaucoma pré-perimétrico de pacientes com disco optico suspeito mas sem progressão ao longo de 14 anos (media), ou seja, nos casos duvidosos que realmente interessam na pratica clinica diária.

O artigo apresenta diversos resultados interessantes com aplicações práticas. A comparação dos melhores parâmetros de cada aparelho mostrou superioridade estatisticamente significante do Spectralis SD-OCT (area sob curva ROC = 0.88 ± 0.03, com a melhor sensibilidade de 48% sob especificidade de 95%), comparado ao HRT (area sob curva ROC = 0.72 ± 0.04, com a melhor sensibilidade de 25% sob especificidade de 95%), indicando que, no grupo estudado, a análise da espessura da camada de fibras nervosas da retina foi superior à análise da topografia do disco óptico. Os autores também incluíram uma análise dos likelihood ratios, que levando em consideração a classificação normativa do instrumento e fornece informações sobre a probabilidade de um exame alterado indicar doença e um resultado normal indicar ausência de doença. Eles mostraram que a probabilidade de um teste classificado como anormal indicar glaucoma é maior no Spectralis do que no HRT. De maneira semelhante, se o olho é classificado como normal no Spectralis, a probabilidade de não existir doença é maior quando comparado ao HRT.
Este estudo elegante mostra que a análise da espessura da camada de fibras nervosas medida pelo Spectralis SD-OCT é capaz de detectar pacientes com glaucoma pré-perimétrico e, portanto, existe evidência para usá-lo para o diagnóstico de glaucoma em casos com disco optico de aparência suspeita.

Algumas limitações relacionadas ao desenho do estudo devem ser consideradas. É possível que alguns pacientes com glaucoma não progrediram ao longo do acompanhamento, sendo classificados de forma errada como grupo controle. Como todos os pacientes incluídos apresentavam discos ópticos suspeitos, um exame que avalie a topografia do disco, como o HRT, tem maior chance de apresentar resultados falsos positivos, diminuindo sua acurácia diagnóstica.

Este estudo elegante mostra que a análise da espessura da camada de fibras nervosas medida pelo Spectralis SD-OCT é capaz de detectar pacientes com glaucoma pré-perimétrico e, portanto, existe evidência para usá-lo para o diagnóstico de glaucoma em casos com disco optico de aparência suspeita.

Resumo deste artigo

Ophthalmology. 2012 Nov;119(11):2261-9. doi: 10.1016/j.ophtha.2012.06.009. Epub 2012 Aug 9.

Diagnosing preperimetric glaucoma with spectral domain optical coherence tomography. Lisboa R, Leite MT, Zangwill LM, Tafreshi A, Weinreb RN, Medeiros FA.

Abstract

PURPOSE:

To evaluate the diagnostic accuracy of spectral domain optical coherence tomography (SD-OCT) for detection of preperimetric glaucoma and compare it with the performance of confocal scanning laser ophthalmoscopy (CSLO).

DESIGN:

Cohort study.

PARTICIPANTS:

A cohort of 134 eyes of 88 glaucoma suspects based on the appearance of the optic disc.

METHODS:

Patients were recruited from the Diagnostic Innovations in Glaucoma Study (DIGS). All eyes underwent retinal nerve fiber layer (RNFL) imaging with Spectralis SD-OCT (Heidelberg Engineering, Carlsbad, CA) and topographic imaging with Heidelberg Retinal Tomograph III (HRT-III) (Heidelberg Engineering) CSLO within 6 months of each other. All patients had normal visual fields at the time of imaging and were classified on the basis of history of documented stereophotographic evidence of progressive glaucomatous change in the appearance of the optic nerve occurring before the imaging sessions.

MAIN OUTCOME MEASURES:

Areas under the receiver operating characteristic curves (AUCs) were calculated to summarize diagnostic accuracies of the SD-OCT and CSLO. Likelihood ratios (LRs) were reported using the diagnostic categorization provided by each instrument after comparison to its normative database.

RESULTS:

Forty-eight eyes of 42 patients had evidence of progressive glaucomatous change and were included in the preperimetric glaucoma group. Eighty-six eyes of 46 patients without any evidence of progressive glaucomatous change followed untreated for an average of 14.0 ± 3.6 years were included in the control group. The parameter with the largest AUC obtained with the SD-OCT was the temporal superior RNFL thickness (0.88 ± 0.03), followed by global RNFL thickness (0.86 ± 0.03) and temporal inferior RNFL thickness (0.81 ± 0.04). The parameter with the largest AUC obtained with the CSLO was rim area (0.72 ± 0.05), followed by rim volume (0.71 ± 0.05) and linear cup-to-disk ratio (0.66 ± 0.05). Temporal superior RNFL average thickness measured by SD-OCT performed significantly better than rim area measurements from CSLO (0.88 vs. 0.72; P=0.008). Outside normal limits results for SD-OCT parameters were associated with strongly positive LRs.

CONCLUSIONS:

The RNFL assessment with SD-OCT performed well in detecting preperimetric glaucomatous damage in a cohort of glaucoma suspects and had a better performance than CSLO.

Copyright © 2012 American Academy of Ophthalmology. Published by Elsevier Inc. All rights reserved.

 

 

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