Nos últimos anos, os SD-OCTs (spectral domain optic coherence tomography) tornaram-se um importante instrumento para o diagnóstico de glaucoma. Com aumento da resolução e da velocidade de aquisição de imagem, é possível medir diversos parâmetros estruturais como a espessura da camada de fibras nervosas da retina (CFNR), topografia do disco óptico e análise segmentar da região macular (GCC; ganglion cell complex).
Diversos estudos prévios avaliaram e validaram esses diferentes protocolos para o diagnóstico de glaucoma, no entanto, a população estudada era composta de indivíduos com glaucoma confirmado por defeito de campo visual versus pacientes normais sem suspeita clínica de glaucoma (hipernormal?). No cenário clínico real, o oftalmologista solicita o exame de SD-OCT para auxiliar no diagnóstico de paciente sem doença confirmada por outros testes. A maioria dos estudos anteriores que avaliaram a acurácia do RTVue SD-OCT (Optovue Inc.) para detectar glaucoma, na realidade, mediram a capacidade para diferenciar pacientes com defeitos campimétricos confirmados e pacientes sem sinais de glaucoma, o que, obviamente, não é representativo da população clinicamente relevante.
Para avaliar os diferentes protocolos disponíveis no RTvue em um cenário mais próximo do clinicamente relevante, Lisboa e colaboradores publicaram um estudo longitudinal
avaliando 142 olhos de pacientes suspeitos de terem glaucoma pela aparência do disco óptico e com campos visuais normais. Após cerca de 13 anos de seguimento, esses olhos foram classificados em dois grupos de acordo com a presença ou ausência de progressão estrutural observadas à retinografia. O grupo que apresentou progressão no disco óptico ao longo do tempo foi classificado como glaucoma enquanto que o grupo sem progressão longitudinal foi usado como controle. Todos apresentaram campos visuais normais ao longo de todo o acompanhamento.
Os resultados apresentados demostram uma performance diagnostica pior do que as encontradas em estudos anteriores publicados na literatura para o mesmo aparelho, indicando a importância da seleção da população nos estudos sobre acurácia diagnóstica. Entretanto, esses resultados aproximam-se mais da realidade na qual este aparelho e utilizado na pratica clinica diária – pacientes com suspeita de glaucoma. E dentro deste contexto, o SD-OCT foi capaz de detectar pacientes com glaucoma pre-perimetrico.
Os resultados apresentados demostram uma performance diagnostica pior do que as encontradas em estudos anteriores publicados na literatura para o mesmo aparelho, indicando a importância da seleção da população nos estudos sobre acurácia diagnóstica. Entretanto, esses resultados aproximam-se mais da realidade na qual este aparelho e utilizado na pratica clinica diária – pacientes com suspeita de glaucoma. E dentro deste contexto, o SD-OCT foi capaz de detectar pacientes com glaucoma pre-perimetrico.
Apesar de outros estudos na literatura mostrarem equivalência ou até superioridade do parâmetro do GCC sobre a espessura da CFNR, os autores reportaram maior performance diagnóstica dos parâmetros de CFNR sobre GCC e topografia do disco óptico. Os parâmetros de melhor performance para cada protocolo foram: Média da espessura da CFNR (área sob curva ROC de 0.89 ± 0.03, com sensibilidade de 71% sob especificidade de 95%), razão escavação/disco na topografia do disco óptico (área sob curva ROC de 0.74 ± 0.04, com sensibilidade de 19% sob especificidade de 95%) e média da espessura para o GCC (área sob curva ROC de 0.79 ± 0.04, com sensibilidade de 44% sob especificidade de 95%). É importante notar a avaliação da topografia do disco óptico apresenta desvantagem em estudos que levam em consideração o aspecto do disco óptico como critério de inclusão.
Esse estudo mostra que o RTVue foi capaz de diferenciar indivíduos com glaucoma pré-perimétrico dos pacientes com discos suspeitos sem progressão estrutural ao longo do tempo. Também mostrou que os parâmetros da espessura da CFNR apresentam melhor acurácia quando comparada aos parâmetros da topografia do disco óptico e da espessura macular em uma população clinicamente relevante.
Resumo deste artigo
Invest Ophthalmol Vis Sci. 2013 May 13;54(5):3417-25. doi: 10.1167/iovs.13-11676.Comparison of different spectral domain OCT scanning protocols for diagnosing preperimetric glaucoma.
Lisboa R1, Paranhos A Jr, Weinreb RN, Zangwill LM, Leite MT, Medeiros FA.
Author information
Abstract
PURPOSE:
To compare the ability of spectral-domain optical coherence tomography (SDOCT) retinal nerve fiber layer (RNFL), optic nerve head (ONH), and macular measurements to detect preperimetric glaucomatous damage.
METHODS:
The study included 142 eyes from 91 patients suspected of having the disease based on the appearance of the optic disc. All eyes had normal visual fields before the imaging session. Forty-eight eyes with progressive glaucomatous damage were included in the preperimetric glaucoma group. Ninety-four eyes without any evidence of progressive glaucomatous damage and followed untreated for 12.8 ± 3.6 years were used as controls. Areas under the receiver operating characteristic curves (AUC) were calculated to summarize diagnostic accuracies of the parameters.
RESULTS:
The three RNFL parameters with the largest AUCs were average RNFL thickness (0.89 ± 0.03), inferior hemisphere average thickness (0.87 ± 0.03), and inferior quadrant average thickness (0.85 ± 0.03). The three ONH parameters with the largest AUCs were vertical cup-to-disc ratio (0.74 ± 0.04), rim area (0.72 ± 0.05), and rim volume (0.72 ± 0.05). The three macular parameters with the largest AUCs were GCC average thickness (0.79 ± 0.04), GCC inferior thickness (0.79 ± 0.05), and GCC superior thickness (0.76 ± 0.05). Average RNFL thickness performed better than vertical cup-to-disc ratio (0.89 vs. 0.74; P = 0.007) and GCC average thickness (0.89 vs. 0.79; P = 0.015).
CONCLUSIONS:
SDOCT RNFL measurements performed better than ONH and macular measurements for detecting preperimetric glaucomatous damage in a cohort of glaucoma suspects. (ClinicalTrials.gov number, NCT00221897.).