Ref: Relationship between intraocular pressure and angle configuration: An anterior segment OCT study.
Chong RS, Sakata LM, Narayanaswamy AK, Ho SW, He M, Baskaran M, Wong TY, Perera SA, Aung T.
IOVS 2013
O aumento da pressão intraocular (PIO) é o principal fator de risco para o desenvolvimento de glaucoma. Em indivíduos com ângulo oclusível, o contato entre a íris e o trabeculado pode levar à aumento de PIO e, consequentemente, dano glaucomatoso. Atualmente, o método de avaliação considerado padrão é a gonioscopia. No entanto, a tomografia de coerência óptica de seguimento anterior (AS-OCT), fornece dados objetivos sobre as estruturas do seio camerular sem necessidade de contato. Apesar de conseguirmos identificar pacientes com seio camerular oclusível, ainda não sabemos quais evoluirão para glaucoma primário de ângulo fechado. Usando dados de uma população comunitária extensa, Chong e colaboradores avaliaram a relação entre a PIO e a configuração do ângulo, medidos por gonioscopia e AS-OCT.
O grupo avaliou 2045 pacientes com mais de 50 anos, recrutados do Singapore Eye Research Hospital. Todos os pacientes incluídos no estudo eram assintomáticos do ponto de vista oftalmológico no momento da inclusão e foram submetidos à avaliação oftalmológica, incluíndo aferição da PIO pelo tonometro de Goldmann, gonioscopia e AS-OCT. O instrumento usado foi o Visante (Carl Zeiss Meditec, Dublin, CA, EUA) e o software usado para analisar as imagens quantitativas foi o Zhongshan Angle Analysis program (Guangzhou, China). A análise principal do estudo correlacionou a PIO com o número de quadrantes com contato iris-trabeculado corrigindo para possíveis variáveis de confusão como idade, sexo, índice de massa corpórea, espessura corneana, hipertensão sistêmica, diabetes e sinéquias.
Tanto para a avaliação feita pela gonioscopia ou AS-OCT, os autores encontraram maiores PIOs em pacientes com maior número de quadrantes ocluídos. Utilizando a avaliacao quantitativa, menores diâmetros e volumes da câmara anterior, aberturas de ângulo e espaços entre o trabeculado e a íris medidos pelo AS-OCT tambem associaram-se a um aumento PIO. A presença de sinéquias anteriores, correlacionou-se com maior número de quadrantes fechados, porém não com o aumento de PIO. Interessantemente, o AS-OCT foi capaz de detectar o dobro de pacientes com quadrantes fechados comparados à gonioscopia.
“É o primeiro estudo a mostrar claramente a relação entre extensão do fechamento angular e aumento de PIO em um grande número de pacientes sem glaucoma. E apesar do AS-OCT ter detectado consideravelmente mais contato iris-trabeculado, essa relação entre fechamento angular e PIO mantem-se os tanto na gonioscopia quanto com o AS-OCT.” O estudo é importante por pelo menos duas razões. É o primeiro estudo a mostrar claramente a relação entre extensão do fechamento angular e aumento de PIO em um grande número de pacientes sem glaucoma. E apesar do AS-OCT ter detectado consideravelmente mais contato iris-trabeculado, essa relação entre fechamento angular e PIO mantem-se os tanto na gonioscopia quanto com o AS-OCT. Outros estudos futuros devem esclarecer as razões para esses achados. Um dado interessante, porém pouco comentado no estudo foi que a PIO não parece aumentar muito entre os grupos com 0, 1, 2 ou 3 quadrantes fechados. Pelos gráficos apresentados, o maior aumento da Pio ocorre principalmente nos pacientes com 4 quadrantes fechados. Os resultados devem ser examinados com cautela na população brasileira já que cerca de 90% dos pacientes do estudo eram chineses. Contudo, é um estudo bem elaborado que mostra uma relação significativa entre a extensão do fechamento angular e o aumento de PIO.
Resumo deste artigo
Invest Ophthalmol Vis Sci. 2013 Mar 5;54(3):1650-5. doi: 10.1167/iovs.12-9986.
Relationship between intraocular pressure and angle configuration: an anterior segment OCT study.
Chong RS, Sakata LM, Narayanaswamy AK, Ho SW, He M, Baskaran M, Wong TY, Perera SA, Aung T.
Author information
Abstract
PURPOSE:
To assess the relationship between intraocular pressure (IOP) and anterior chamber angle (ACA) configuration as assessed by gonioscopy and anterior segment optical coherence tomography (AS-OCT).
METHODS:
A total of 2045 subjects aged 50 years and older, were recruited from a community clinic and underwent AS-OCT, Goldmann applanation tonometry, and gonioscopy. A quadrant was classified as closed on gonioscopy if the posterior trabecular meshwork could not be seen. A closed quadrant on AS-OCT was defined by the presence of any contact between the iris and angle wall anterior to the scleral spur. Customized software (Zhongshan Angle Assessment Program, Guangzhou, China) was used to measure AS-OCT parameters on AS-OCT scans, including anterior chamber depth, area, and volume; iris thickness (IT) and curvature; lens vault; angle opening distance; and trabecular-iris space area. IOP values were adjusted for age, sex, diabetes and hypertension status, body mass index, central corneal thickness, and presence of peripheral anterior synechiae.
RESULTS:
Mean age of study subjects was 63.2 ± 8.0 years, 52.6% were female, and 89.4% were Chinese. Mean IOP was 14.8 ± 2.4 mm Hg (range 826). IOP (mean ± SE) increased with number of quadrants with gonioscopic angle closure (none: 14.6 ± 0.2; one: 14.7 ± 0.3; two: 15.0 ± 0.3; three: 15.0 ± 0.3; four: 15.6 ± 0.3 mm Hg; P < 0.001), and on AS-OCT (none: 14.7 ± 0.2; one: 15.0 ± 0.2; two: 14.8 ± 0.2; three: 15.1 ± 0.3; four: 16.0 ± 0.3 mm Hg; P < 0.001). IOP also increased in association with most of the ACA quantitative parameters measured on AS-OCT images, except for IT and lens vault.
CONCLUSIONS:
There was an association between the extent of angle closure, as assessed on AS-OCT and gonioscopy, with increasing IOP.