AVALIAÇÃO MACULAR PELO OCT EM OLHOS COM DEFEITOS CAMPIMÉTRICOS PARACENTRAIS

Artigo comentado por:
Dr. Diego Torres, médico-oftalmologista,
fellow do 1º ano do Serviço de Glaucoma,
Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais, EPM-HSP-UNIFESP.
Editor Associado
Prof.Dr. Ivan Maynart Tavares

Estabelecer o limite que separa um paciente com suspeita de glaucoma de um paciente com glaucoma inicial é uma tarefa desafiadora que envolve a análise conjunta de fatores de risco e parâmetros estruturais e funcionais do paciente. A Tomografia de Coerência Óptica (OCT) tem um papel importante nesta situação e o aperfeiçoamento desta tecnologia faz com que seja possível uma avaliação estrutural cada vez mais precisa.Esses dados sugerem que em pacientes que iniciam defeitos de campo visual com escotomas parafoveais existe uma perda de células ganglionares mais acentuada na região paracentral, por isso melhor avaliada com o OCT macular, enquanto naqueles que iniciam o defeito de campo visual com degrau nasal essa perda é mais afastada da fóvea, por isso menos detectável pelo OCT macular.
Um parâmetro estrutural que tenha essa capacidade de discriminar olhos normais de olhos com glaucoma inicial é algo que tem sido cada vez mais buscado com a evolução das tecnologias de imagem ocular, porém ainda não alcançado. Atualmente, a medida da espessura da camada de fibras nervosas (CFN) peripapilar pelo OCT destaca-se nesta análise por sua alta sensibilidade e especificidade, apesar de não poder ser utilizado como parâmetro único. Outro parâmetro proposto mais recentemente com este intuito é a medida da espessura das camadas plexiforme interna e de células ganglionares da região macular, obtida por meio do algoritmo de análise de células ganglionares (GCA) do HD-OCT (Carl Zeiss Meditec, Dublin, CA).
Diante da hipótese de que defeitos iniciais do campo visual em localizações diferentes possam corresponder a perda de células ganglionares em regiões diferentes, o estudo buscou comparar a capacidade da espessura da CFN peripapilar e da camada plexiforme interna e de células ganglionares macular de distinguir olhos normais de olhos com glaucoma inicial, dependendo da localização do defeito inicial do campo visual. Para isso foram estudados, de modo retrospectivo, 43 controles e 84 pacientes com glaucoma (42 com degrau nasal e 42 com escotoma paracentral na perimetria). As curvas ROC avaliaram a habilidade dos parâmetros de detectar mudanças glaucomatosas e as áreas sob a curva ROC foram calculadas para estimar a habilidade diagnóstica de cada parâmetro.
O estudo demonstrou que, para o diagnóstico de glaucoma precoce, as espessuras (média, mínima, inferior e inferotemporal) da camada plexiforme interna e de células ganglionares macular foram mais úteis no grupo de pacientes com escotoma paracentral do que a espessura da CFN peripapilar (p = 0,042,0,025,0,001 e 0,007, respectivamente) e o inverso aconteceu em pacientes com degrau nasal. Esses dados sugerem que em pacientes que iniciam defeitos de campo visual com escotomas parafoveais existe uma perda de células ganglionares mais acentuada na região paracentral, por isso melhor avaliada com o OCT macular, enquanto naqueles que iniciam o defeito de campo visual com degrau nasal essa perda é mais afastada da fóvea, por isso menos detectável pelo OCT macular. Esses achados reforçam a importância de sempre buscar estabelecer um raciocínio clínico correlacionando estrutura e função ao se avaliar uma perda visual por glaucoma.
Finalmente, há cada vez mais evidências sugerindo que principalmente os pacientes com defeitos paracentrais dentro dos 10o centrais do campo visual se beneficiam da avaliação individualizada com estratégias específicas de perimetria e OCT para essa região. Todavia é fundamental conhecer as limitações dos exames estruturais e funcionais e utilizá-los como complementares ao exame clínico e não como definidores de doença.

Resumo deste artigo

Ophthalmology. 2014 Jan;121(1):93-9. doi: 10.1016/j.ophtha.2013.06.041. Epub 2013 Aug 17.
Glaucoma diagnostic ability of ganglion cell-inner plexiform layer thickness differs according to the location of visual field loss.
Shin HY1, Park HY1, Jung KI1, Choi JA1, Park CK2.
Author information

Abstract
OBJECTIVE:
To determine whether the ganglion cell-inner plexiform layer (GCIPL) or circumpapillary retinal nerve fiber layer (cpRNFL) is better at distinguishing eyes with early glaucoma from normal eyes on the basis of the the initial location of the visual field (VF) damage.

DESIGN:
Retrospective, observational study.

PARTICIPANTS:
Eighty-four patients with early glaucoma and 43 normal subjects were enrolled. The patients with glaucoma were subdivided into 2 groups according to the location of VF damage: (1) an isolated parafoveal scotoma (PFS, N = 42) within 12 points of a central 10 degrees in 1 hemifield or (2) an isolated peripheral nasal step (PNS, N = 42) within the nasal periphery outside 10 degrees of fixation in 1 hemifield.

METHODS:
All patients underwent macular and optic disc scanning using Cirrus high-definition optical coherence tomography (Carl Zeiss Meditec, Dublin, CA). The GCIPL and cpRNFL thicknesses were compared between groups. Areas under the receiver operating characteristic curves (AUCs) were calculated.

MAIN OUTCOME MEASURES:
Comparison of diagnostic ability using AUCs.

RESULTS:
The average and minimum GCIPL of the PFS group were significantly thinner than those of the PNS group, whereas there was no significant difference in the average retinal nerve fiber layer (RNFL) thickness between the 2 groups. The AUCs of the average (0.962) and minimum GCIPL (0.973) thicknesses did not differ from that of the average RNFL thickness (0.972) for discriminating glaucomatous changes between normal and all glaucoma eyes (P =0.566 and 0.974, respectively). In the PFS group, the AUCs of the average (0.988) and minimum GCIPL (0.999) thicknesses were greater than that of the average RNFL thickness (0.961, P =0.307 and 0.125, respectively). However, the AUCs of the average (0.936) and minimum GCIPL (0.947) thicknesses were lower than that of the average RNFL thickness (0.984) in the PNS group (P =0.032 and 0.069, respectively).

CONCLUSIONS:
The GCIPL parameters were more valuable than the cpRNFL parameters for detecting glaucoma in eyes with parafoveal VF loss, and the cpRNFL parameters were better than the GCIPL parameters for detecting glaucoma in eyes with peripheral VF loss. Clinicians should know that the diagnostic capability of macular GCIPL parameters depends largely on the location of the VF loss.

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