Glaucoma pode causar cegueira

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Já olhou pelo buraco da fechadura? De acordo com especialistas, é mais ou menos assim que pacientes com glaucoma enxergam. Mas essa sensação se dá somente no estágio avançado da doença, que afeta o nervo óptico e pode atingir a visão periférica (do canto do olho) até a visão central, levando à amaurose, ou seja, à cegueira.

“As causas de glaucoma são variadas. O principal fator é o aumento da pressão intraocular. Com esse aumento, há uma lesão do nervo óptico, que vai comprometendo o campo visual”, explica o oftalmologista Ricardo Sallum.

Segundo ele, a doença, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a principal causa de cegueira irreversível no mundo, na maioria dos casos, não apresenta sintomas em seu estágio inicial e, por isso, quando é descoberta já está em nível crítico, no qual, normalmente, há vermelhidão, inchaço e/ou dor aguda nos olhos, embaçamento ou perda de visão, náuseas etc.
“A melhor prevenção é sempre aquela rotineira. O paciente deve fazer a consulta periódica no consultório oftalmológico, com um especialista, a cada seis meses. Dessa forma, consegue-se detectar a doença no seu estágio inicial e tratá-la”, orienta Sallum.

De acordo com ele, os pacientes já diagnosticados com glaucoma precisam consultar com mais frequência. “Nesse caso, se faz necessária a visita ao consultório até mesmo de dois em dois meses, não para realizar todos os exames novamente, mas para saber se a pressão intraocular está controlada”, recomenda.

Disciplina. Empresária e com 36 anos, Camila Infantini Carneiro conta que convive com a doença há oito anos. “Estava com 28 anos quando descobri que tinha glaucoma. Achei que meus óculos estavam fracos, que era hora de aumentar o grau e fui ao oftalmologista. Quando recebi o diagnóstico, a primeira coisa que pensei foi que ficaria cega, mas meu médico me explicou que seguindo o tratamento era possível controlar a doença, e é o que eu faço. Só me lembro que tenho glaucoma na hora de pingar o colírio”, comenta ela.

De acordo com o oftalmologista Emílio Suzuki, na grande maioria dos casos, o tratamento é feito com colírios. Uma pequena parcela necessita de laser ou de cirurgia. O tipo e o estágio do glaucoma determinam qual é a melhor medida a ser tomada. “A cirurgia é indicada quando a pressão do olho não reduz com nenhum colírio. O laser é uma opção intermediária à cirurgia ou quando os pacientes são alérgicos aos colírios ou são gestantes”, pontua ele.

“Existem vários tipos de glaucoma. Para cada caso existe um tratamento indicado. Na maioria das vezes, conseguimos controlar o glaucoma de acordo com sua origem. Se é de uma origem cortizônica, verifica-se a possibilidade de diminuir ou suspender o corticoide do paciente. Se for de origem traumática, podemos avaliar a possibilidade de uma cirurgia. Se for o caso de uma pressão alta por fatores genéticos ou de etnia, em até 90% dos casos, o glaucoma é controlado por uso de colírios e medicamentos tópicos. Não existe um tratamento melhor que o outro, mas, sim, o indicado para cada caso”, acrescenta Sallum.

Grupos de risco. Segundo Suzuki, existem alguns fatores de risco que devem ser levados em consideração quando o assunto é glaucoma, mas a prevenção deve ser adotada por todos. “Pessoas com idade superior aos 40 anos, da raça negra, com histórico familiar de glaucoma, com miopia, com trauma ocular e cirurgias oculares, que fazem uso de corticoides, que têm diabetes e hipertensão arterial devem fazer consultas com mais frequência”, pontua ele.

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