Laser Activated Flow Regulator for Glaucoma Drainage Devices

Laser Activated Flow Regulator for Glaucoma Drainage Devices

Dr Tiago Prata
Professor Afiliado e da Pós-Graduação | Departamento de Oftalmologia | UNIFESP/EPM, Coordenador do Setor de Glaucoma | Hospital Medicina dos Olhos | HMO

Dra Izabela Almeida
Fellow do Setor de Glaucoma | Hospital Medicina dos Olhos | HMO, Pós-graduada Nível Doutorado | Departamento de Oftalmologia | UNIFESP/EPM

Ref.: Olson JL, Velez-Montoya R, Bhandari R. Laser Activated Flow Regulator for Glaucoma Drainage Devices. Transl Vis Sci Technol. 2014;3(6):3-3. doi:10.1167/tvst.3.6.3.

 

Sabe-se que a trabeculectomia (TREC) é a cirurgia mais comumente realizada para glaucoma refratário ao tratamento clínico. Apesar disso, o implante de dispositivo de drenagem para glaucoma (GDD, do inglês Glaucoma Drainage Device) vem ganhando uma importância cada vez maior. A Sociedade Americana de Glaucoma estima que houve um declínio de 43% nas cirurgias de TREC, enquanto que o número de GDD aumentou de 17,5% para 50,8% de todos os procedimentos realizados em 2008. Tal mudança parece estar associada às complicações da TREC (infecções, falha da cirurgia, entre outras). Por outro lado, o GDD também apresenta importantes implicações. Uma das mais frequentes é a hipotonia pós-operatória (HPO). Várias técnicas são utilizadas na tentativa de evitar essa complicação com sucesso relativamente limitado. Nesse contexto, consideramos esse artigo extremamente relevante, pois de forma engenhosa descreve uma ferramenta que além de controlar a fluxo através do GDD, consegue ajustar tal fluxo através de laser no pós-operatório.

O estudo conduzido na Faculdade de Medicina da Universidade de Colorado criou o que chamaram de regulador do dispositivo de drenagem do glaucoma (GDDR, do inglês Glaucoma Drainage Device Regulator). Esse regulador é basicamente uma membrana semi-permeável posicionada de forma biselada há 45 graus na extremidade do tubo que fica na câmara anterior do olho. No pós operatório é possível aumentar o fluxo através da criação de pequenas rupturas na membrana, procedimento esse realizado com laser (Nd:YAG, argônio, entre outros). O aparelho foi testado in vitro (modelo de olhos desenhado para avaliar fluxo) e ex vivo (olhos de porco) com excelentes resultados.


O fluxo não só aumentou com a aplicação do laser, como o fez de forma progressiva de acordo com a quantidade de tiros aplicados. Assim, seria possível ajustar a quantidade de fluxo de acordo com as necessidades do paciente, algo que nunca foi visto antes.

O fluxo não só aumentou com a aplicação do laser, como o fez de forma progressiva de acordo com a quantidade de tiros aplicados. Assim, seria possível ajustar a quantidade de fluxo de acordo com as necessidades do paciente, algo que nunca foi visto antes.

Em teoria, o GDDR permitiria que tubos de diâmetro maior fossem implantados, proporcionando maior tempo de funcionamento da cirurgia, já que conforme o GDD diminuísse sua utilidade, mais laser poderia ser aplicado no GDDR, aumentando o fluxo de drenagem novamente. Assim como em pacientes que apresentassem progressão do glaucoma, mais tiros de laser diminuiria a pressão intraocular para os novos valores-alvo. Vela ressaltar aqui que não sabemos se a aplicação do laser seria efetiva em todas as fases do pós-operatório. Também não sabemos se essa restrição inicial do fluxo teria algum impacto na cicatrização e no sucesso da cirurgia nas fases mais tardias. Por fim, ainda é preciso que mais estudos sejam realizados para entender como o GDDR iria funcionar in vivo, pois fatores como fibrina, sangramento e inflamação não foram considerados nesse trabalho.

Grandes inquietações surgem quando nos deparamos com as limitações da ciência e da medicina. Sabemos que a pressa não pode nos levar à atitudes precipitadas. Daí a importância da medicina translacional que tem como desafio acelerar a transferência das descobertas obtidas na pesquisa básica para a pesquisa clínica e finalmente para a aplicação desses conhecimentos na prática diária. Nesse curioso estudo, um dispositivo promissor de controle de uma das complicações mais frequentes no GDD foi criado com resultados animadores. Quem sabe em poucos anos poderemos ter o GDDR para os nossos pacientes?

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