Correlation of intraocular pressure between both eyes after bilateral selective laser trabeculoplasty in open-angle glaucoma

Correlation of intraocular pressure between both eyes after bilateral selective laser trabeculoplasty in open-angle glaucoma

Tulio Frades Reis
Fellow em Glaucoma HC FMRP/USP.Doutorando em Ciências Medicas pela FMRP/USP

Marcelo Jordão L da Silva
Mestre em Medicina pelo IASMPE. Doutor em Ciências Medicas pela UNICAMP. Doutor em Ciências Medicas pela FMRP/USP. MBA em Gestão da Saúde pela INEPAD/USP. Preceptor Depto. Glaucoma HC FMRP/USP

Ref.: Correlation of intraocular pressure between both eyes after bilateral selective laser trabeculoplasty in open-angle glaucoma.
Jacky W. Y. Lee, FRCS Ed (Ophthalmology),
Mandy O. M. Wong, MRCSEd, Raymond L. M. Wong, MRCSEd and Jimmy S. M. Lai, MD
Journal Glaucoma Volume 25, Number 3, March 2016

 

A trabeculoplastia seletiva a laser (SLT) foi descrita em 1995 e reduz entre 11% a 40% a pressão intraocular (PIO) em pacientes com glaucoma de ângulo aberto. Uma PIO elevada pré-tratamento é o fator preditor de sucesso que foi mais bem estabelecido previamente. Este artigo é o primeiro estudo prospectivo a comparar a resposta de um olho em relação ao contralateral. O objetivo é saber se a resposta de um olho ao laser pode predizer a do outro.

Foram incluídos 84 olhos de 42 pacientes com glaucoma bilateral em uso de colírios, sendo 16 com primário de ângulo aberto (GPAA) e 26 com glaucoma de pressão normal (GPN). Nenhum deles havia sido previamente submetido a trabeculoplastias. Os casos de GPN foram definidos como ângulo aberto à gonioscopia, perimetria de Humphrey compatível com glaucoma segundo critérios de Hodapp-Parrish-Anderson, perda de camada de fibras no OCT e PIO menor que 21 mmHg. Os portadores de GPAA tinham pelo menos uma medida de PIO de 21 mmHg ou maior. Foram submetidos a uma única sessão de SLT (Q-switched Nd: YAG laser), sempre pelo mesmo cirurgião. Foram tratados 360° com energia inicial de 0,8 mJ, que era aumentada até que surgissem microbolhas após os tiros. Após isso, era instilada uma única gota de brimonidina e uma combinação de dexametasona com neomicina duas vezes em um só dia. Este colírio seria mantido se fosse detectada reação de câmara anterior durante o seguimento. Os retornos eram feitos com um dia, uma semana e um mês, e a PIO sempre era aferida com tonômetro de Goldman entre 9 e 17 horas. O tratamento antiglaucomatoso de cada paciente só seria alterado após um mês da aplicação do laser.


Quanto à prática clínica, conclui-se que é possível fazer um olho como triagem para o tratamento do segundo na grande maioria dos casos (81%). Desta maneira, reduz-se o custo do tratamento e evita-se a exposição desnecessária aos riscos que, apesar de pequenos, existem ao se fazer a SLT. Apesar disso, o artigo mostra que deve-se levar em conta que em 19% dos casos pode haver resposta inversa de um olho para o outro.

A definição de sucesso terapêutico foi a redução de pelo menos 20% da PIO na medida feita após um mês da aplicação. Os dois olhos de cada paciente estavam sob tratamento com as mesmas drogas. O coeficiente de correlação de Spearman total (r) foi de 0,7 (p<0,0001), indicando forte correlação entre a redução da PIO de um olho e outro. Dividindo os pacientes por grupos: 18 tiveram sucesso no tratamento dos dois olhos (r=0,8 p=0,0002), enquanto 16 não tiveram nos dois olhos (r=0,6 p=0,02) e 8 foram bem-sucedidos em um olho e no outro não (r=-0,7 p=0,03). Neste último grupo, o sinal negativo do coeficiente pode indicar que em alguns pacientes há dissociação da resposta da PIO à SLT. Não houve diferença entre os tipos de glaucoma, possivelmente porque os olhos com GPAA estavam medicados. O estudo apresenta algumas limitações, pois após a SLT os participantes poderiam se sentir mais motivados a usar os colírios, levando a uma redução adicional da PIO pela melhora da aderência a tratamento. Além disso, o período de observação após o laser foi limitado a um mês e o autor não especifica quais classes de colírio hipotensor cada paciente usa, partindo-se do pressuposto que classes diferentes não influenciariam na resposta ao tratamento com laser. As medidas de PIO não foram mascaradas para o observador e as medidas da PIO antes e apos SLT não eram feitas no mesmo horário, pelo menos no mesmo paciente. Também os autores não se preocuparam em corrigir por eventuais fatores de confusão, como por exemplo: diferença pigmentação entre olhos e/ou diferença nível de energia entre olhos. Quanto à prática clínica, conclui-se que é possível fazer um olho como triagem para o tratamento do segundo na grande maioria dos casos (81%). Desta maneira, reduz-se o custo do tratamento e evita-se a exposição desnecessária aos riscos que, apesar de pequenos, existem ao se fazer a SLT. Apesar disso, o artigo mostra que deve-se levar em conta que em 19% dos casos pode haver resposta inversa de um olho para o outro. Algo importante a ser notado é que a correlação dos dois olhos existe mesmo para medidas normais da pressão intraocular.

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