DEFEITOS DA LÂMINA CRIBROSA EM OLHOS COM DEFEITOS LOCALIZADOS NA CAMADA DE FIBRAS

Comentarios por Alexandre Reis sobre:
Ref.: Defects of the Lamina Cribrosa in Eyes with Localized Retinal Nerve Fiber Layer Loss.
Tatham AJ, Miki A, Weinreb RN, Zangwill LM, Medeiros FA.
Ophthalmology. 2014 Jan;121(1):110-8.

Inúmeras pesquisas recentes tem estudado as alterações morfológicas e biomecânicas da cabeça do nervo óptico, particularmente a nível da lâmina cribrosa, e como tais alterações podem ajudar a explicar a fisiopatologia do glaucoma. A lâmina é composta de placas fenestradas de tecido conjuntivo colágeno e fibras elásticas, cobertas por astrócitos. As placas de tecido conjuntivo contêm poros através dos quais feixes de células ganglionares da retina (CGR) passam. A lâmina fornece suporte estrutural e funcional para os axônios das CGR e divide as porções intraocular e intraorbital do nervo óptico. A lâmina cribrosa é uma estrutura chave em torno da qual a obstrução ao transporte axoplasmático foi observada por vários autores em modelos experimentais de glaucoma. Embora os mecanismos da obstrução do transporte axoplasmático não estão completamente compreendidos, eles podem estar relacionados ao gradiente de pressão que os axônios das CGR experimentam ao passar através da lâmina, do meio intraocular para o espaço retrolaminar. Podem ainda estar relacionados às alterações que ocorrem ao tecido conjuntivo com a progressão da doença. Suspeita-se que o deslocamento da lâmina em resposta às mudanças da pressão intraocular (PIO) pode deformar os poros, causando compressão, distensão e cisalhamento dos axônios quando estes passam através da lâmina. Adicionalmente, os astrócitos parecem responder às elevações da PIO, alterando sua relação fisiológica com os feixes de axônios, tecido conjuntivo e vasos, levando à perda axonal e remodelação do tecido. Com o desenvolvimento da tomografia de coerência óptica spectral domain (SD-OCT) e mais recentemente com o incremento do enhanced depth imaging (EDI) é possível observar a superfície anterior da lâmina cribrosa in vivo. O presente trabalho teve como objetivo estudar com o SD-OCT/EDI a superfície anterior da lâmina cribrosa de pacientes com glaucoma que apresentavam defeitos localizados de camada de fibras nervosas da retina.Este estudo encontrou uma alta prevalência de defeitos focais da lâmina cribrosa em olhos glaucomatosos com defeitos localizados da camada de fibras nervosas da retina, além de boa correlação espacial entre a localização de defeitos da lâmina e a perda da camada de fibras, sugerindo que os danos da lâmina podem estar relacionados ao dano dos axônios das células ganglionares da retina. O estudo demostrou que o SD-OCT é capaz de detectar defeitos focais da lâmina cribrosa em pacientes glaucomatosos com defeito localizado da camada de fibras nervosas da retina. Mostrou ainda que indivíduos normais pareados para idade não apresentavam a mesma frequência de defeitos da lâmina quando comparados a indivíduos com glaucoma. Outro achado relevante foi a boa correspondência espacial entre os defeitos da lâmina e os defeitos localizados da camada de fibras nervosas. Apesar de não ser possível estabelecer relação causal entre os defeitos da lâmina e o desenvolvimento de glaucoma, os autores postulam que tais regiões de colapso da lâmina podem representar um potencial mecanismo para a morte dos axônios das células ganglionares da retina ao passar pela região danificada da lâmina. Os autores listam algumas limitações do estudo, sendo a mais relevante para os resultados, a pouca visibilidade da superfície anterior da lâmina, especialmente em olhos normais, devido à maior quantidade de tecido neural sobrejacente. Consequentemente, segundo os autores, alguns defeitos da lâmina podem não ter sido identificados. Outro fator importante foi o critério para classificar os achados como defeitos focais da lâmina. No presente estudo foi usado um critério conservador para evitar um grande número de falsos positivos. Os defeitos tinham que apresentar pelo menos 100µm de diâmetro e 30µm de profundidade. Desta forma, segundo os autores, possíveis defeitos da lâmina, menores do que os do critério estabelecido poderiam ter sido perdidos. Em conclusão, este estudo encontrou uma alta prevalência de defeitos focais da lâmina cribrosa em olhos glaucomatosos com defeitos localizados da camada de fibras nervosas da retina, além de boa correlação espacial entre a localização de defeitos da lâmina e a perda da camada de fibras, sugerindo que os danos da lâmina podem estar relacionados ao dano dos axônios das células ganglionares da retina.

Resumo deste artigo

Ophthalmology. 2014 Jan;121(1):110-8. doi: 10.1016/j.ophtha.2013.08.018. Epub 2013 Oct 18.
Defects of the lamina cribrosa in eyes with localized retinal nerve fiber layer loss.
Tatham AJ1, Miki A1, Weinreb RN1, Zangwill LM1, Medeiros FA2.
Author information

Abstract

OBJECTIVE:

To determine whether focal abnormalities of the lamina cribrosa (LC) are present in glaucomatous eyes with localized retinal nerve fiber layer (RNFL) defects.

DESIGN: Cross-sectional, observational study.

PARTICIPANTS:
We analyzed 20 eyes of 14 subjects with localized RNFL defects detected by masked grading of stereophotographs and 40 eyes of 25 age-matched healthy subjects recruited from the Diagnostic Innovations in Glaucoma Study at the University of California, San Diego.

METHODS:
All eyes had stereoscopic optic disc photography and in vivo LC imaging using enhanced depth imaging optical coherence tomography (EDI-OCT). Two masked graders identified focal LC defects defined by a standardized protocol using 48 radial scan EDI-OCT images. The kappa coefficient was calculated as a measure of the reliability of interobserver agreement.
MAIN OUTCOME MEASURES:
The number of focal LC defects and the relationship between the location of LC defects and the location of localized RNFL defects.

RESULTS:
Of 20 eyes with a localized RNFL defect, 15 (75%) had ≥1 LC defect compared with only 1 of 40 healthy eyes (3%). There were 13 eyes with localized RNFL defects that had 1 LC defect, 1 eye with 2 LC defects, and 1eye with 3 LC defects. The largest area LC defect was present in a radial line EDI-OCT scan corresponding with a localized RNFL defect in 13 of 15 eyes (87%). There was good agreement between graders as to whether an eye had an LC defect (kappa = 0.87; 95% confidence interval [CI], 0.73-1.00; P< 0.001) and the location of the largest defect (kappa = 0.72; 95% CI, 0.44-1.00; P< 0.001).

CONCLUSIONS:
Focal defects of the LC were frequently visible in glaucomatous eyes with localized RNFL defects. Focal abnormalities of the LC may be associated with focal retinal nerve fiber damage.

Copyright © 2014 American Academy of Ophthalmology. Published by Elsevier Inc. All rights reserved.

Share

Abrir bate-papo
Olá
Podemos ajudá-lo?
Pular para o conteúdo