INFLUÊNCIA DO USO DE COLÍRIOS COM CONSERVANTES EM PACIENTES COM GLAUCOMA NO RESULTADO CIRÚRGICO DA TRABECULECTOMIA

Tiago-PrataDaniela-L-M-JunqueiraComentários de Tiago Prata e Dra Daniela L M Junqueira sobre:
Ref.: Preservative exposure and surgical outcomes in glaucoma patients: The PESO study.
Boimer C, Birt CM.
J Glaucoma 2013.
Tiago-PrataEditor Associado
Tiago Prata

Estudo retrospectivo realizado na faculdade de medicina de Toronto, por meio de uma revisão de prontuários de pacientes glaucomatosos submetidos à cirurgia de trabeculectomia entre 2004 e 2006. O intuito principal foi avaliar a associação entre uso prévio de cloreto de benzalcônio com posterior fracasso da cirurgia filtrante. Foram incluídos 128 pacientes, com seguimento mínimo de dois anos após a cirurgia.

Os critérios para a falência da cirurgia incluíam controle inadequado da PIO, ou necessidade de iniciar tratamento clinico, nova cirurgia ou agulhamento.
A exposição pré-operatória ao conservante foi identificada como fator de risco para falência cirúrgica (limitrofe mas significante, hazard ratio 1.21, p=0.032 apos correcao para influencia de glaucoma neovascular e uveitico), sendo o tempo até a falência mais curto naqueles pacientes em uso de maior quantidade de conservante (gotas/dia). Acreditamos que essa informação seja muito relevante no manejo do glaucoma, uma vez que principalmente os pacientes com indicação cirúrgica estão frequentemente expostos à várias medicações hipotensoras com cloreto de benzalcônio. Vale ressaltar que os resultados obtidos advêm de um estudo retrospectivo e com tempo de seguimento pós-operatório limitado, no qual outros possíveis fatores associados à falência cirúrgica não foram considerados. Devido ao fato de existirem poucos colírios sem conservantes no período do estudo, pacientes em uso de mais gotas por dia podem representar casos com níveis pressóricos mais elevados, e/ou glaucoma mais avançado. Nesses pacientes, o limiar para considerar um controle inadequado da PIO seria mais baixo, o que poderia influenciar os resultados observados. E idealmente, pacientes com glaucomas secundarios (neovascular e uveitico) deveriam ser excluidos. Levando estas limitacoes em consideracao, o presente estudo observou uma pequena e limitrofe associacao do uso de colirios com BAK com a falencia da trabeculectomia.
Embora não seja o foco direto desse estudo, fica aberto o questionamento se a interrupção dessas medicações no período pré-operatório, buscando a melhora das condições oculares antes da cirurgia, poderia ser efetiva para aumentar as chances de sucesso da trabeculectomia. E se efetiva, qual o período de interrupção necessário para obter este possível beneficio.

Resumo deste artigo

J Glaucoma. 2013 Dec;22(9):730-5. doi: 10.1097/IJG.0b013e31825af67d.
Preservative Exposure and Surgical Outcomes in Glaucoma Patients: The PESO Study.
Boimer C, Birt CM.
Author information

Abstract

PURPOSE:
To study the impact of benzalkonium chloride (BAK) exposure from eye drops on subsequent time to trabeculectomy failure.

PATIENTS AND METHODS:
Retrospective chart review of 128 glaucoma patients who had undergone a trabeculectomy between 2004 and 2006. The number and type of ophthalmic drops used preoperatively and relevant demographics were recorded. Surgical failure criteria included inadequate pressure lowering or need for postoperative ocular antihypertensives, laser trabeculoplasty, 5-fluorouracil needling, or repeated surgery. Patients were examined for these criteria over a minimum postoperative period of 2 years. Data were assessed using Kaplan-Meier and Cox regression models.

RESULTS:
Complete surgical success was achieved in 47.7% of patients. Patients received between 1 and 8 BAK-containing drops daily, with a median of 3. Time to surgical failure in patients receiving higher preoperative daily doses of BAK was shorter than in patients who had less BAK exposure (P=0.008). Proportional hazard modeling identified uveitic and neovascular glaucoma as significant confounders of the univariate model (P=0.024), although the main effect of BAK exposure was maintained with a hazard ratio of 1.21 (P=0.032). The number of different medications used to control intraocular pressure did not significantly affect survival time in a secondary Cox model (P=0.948).

CONCLUSIONS:
Increased preoperative exposure to ophthalmic solutions preserved with BAK is a risk factor for earlier surgical failure, independent of the number of medications used. This study extends earlier findings of potential adverse effects of ophthalmic preservatives on surgical outcomes to the modern pharmacopeia used in the medical management of glaucoma.

PMID: 23524856 [PubMed – in process]

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