Os autores avaliaram a relação entre a taxa de progressão do dano campimétrico no glaucoma e a mudança na qualidade de vida.
Este estudo foi um estudo observacional de coorte prospectivo que faz parte do DIGS (Diagnostic Innovations Glaucoma Study) na Universidade de San Diego na Califórnia, onde 322 olhos de 161 pacientes foram acompanhados por um tempo médio de 3,5 anos. Todos os pacientes foram submetidos a exame oftalmológico completo.
Para a análise da qualidade de vida, os autores fizeram uma adaptação do escore obtido no questionário NEI-VFQ-25 através de uma análise de Rasch, uma metodologia estatística para calibrar o instrumento de pesquisa e obter um valor em uma escala linear de 0 a 100.
Um dos pontos fortes do estudo foi avaliar a relacao entre estas duas variáveis de maneira prospectiva, visto que a percepção da qualidade de vida varia entre indivíduos (como a percepção da dor varia entre diferentes pessoas). Assim, pacientes com maior ou menor percepção/sensibilidade, foram comparados com eles mesmos prospectivamente em relação a piora da qualidade de vida.
A análise do campo visual (CV) considerou exames de perimetria automatizada (Humphrey) acromática realizada a cada 6 meses. Dados do campo visual binocular foram obtidos através da combinação dados dos exames de cada olho segundo uma metodologia especifica.
Um dos pontos fortes do estudo foi avaliar a relacao entre estas duas variáveis de maneira prospectiva, visto que a percepção da qualidade de vida varia entre indivíduos (como a percepção da dor varia entre diferentes pessoas). Assim, pacientes com maior ou menor percepção/sensibilidade, foram comparados com eles mesmos prospectivamente em relação a piora da qualidade de vida.
Os autores evidenciaram que existe uma relação entre a mudança nos escores de qualidade de vida ao longo do tempo com: 1. com a severidade do comprometimento campimetrico no início do acompanhamento; 2. com a magnitude da piora do CV; 3. com a velocidade da taxa de progressão do glaucoma.
A maior chance de piora da qualidade de vida em pacientes com defeitos campimetricos mais severos no baseline representa um resultado esperado, visto que estes pacientes ja apresentam defeitos que tendem a comprometer a qualidade de vida de maneira mais acentuada do que defeitos menos severos. Seguindo o mesmo raciocinio, a magnitude da piora do CV também tende a piorar mais a qualidade de vida. E, de maneira interessante, a velocidade de piora apresentou correlação significativa com a qualidade de vida, pois os pacientes provavelmente tiveram mais dificuldade para se adaptar com a deterioração da função visual que ocorreram de maneira mais rápida.
Os autores evidenciaram que existe uma relação entre a mudança nos escores de qualidade de vida ao longo do tempo com: 1. com a severidade do comprometimento campimetrico no início do acompanhamento; 2. com a magnitude da piora do CV; 3. com a velocidade da taxa de progressão do glaucoma.
O objetivo mais importante do tratamento do glaucoma é a preservação da qualidade de vida dos pacientes. Este estudo traz informações muito importantes para o dia-a-dia do médico que cuida do glaucoma, pois permite de certa forma prever quais pacientes que sofrerão com uma piora da qualidade de vida.
Com esta informação os médicos podem intervir de maneira mais adequada para evitar tal perda na qualidade de vida, seja através de um tratamento mais eficaz, a fim de diminuir a taxa de progressão, seja através de um cuidado mais global do paciente (relação médico-paciente), a fim de dar um suporte médico-psicológico a estes pacientes fragilizados pela sua patologia.
Resumo deste artigo
Ophthalmology. 2015 Feb;122(2):293-301. doi: 10.1016/j.ophtha.2014.08.014. Epub 2014 Oct 16.
Longitudinal changes in quality of life and rates of progressive visual field loss in glaucoma patients.
Medeiros FA1, Gracitelli CP2, Boer ER3, Weinreb RN3, Zangwill LM3, Rosen PN3.
Author information
Abstract
PURPOSE:
To evaluate the association between longitudinal changes in quality of life (QoL) and rates of progressive visual field loss in glaucoma.
DESIGN:
Prospective observational cohort study.
PARTICIPANTS:
We recruited 322 eyes of 161 patients with glaucomatous visual field loss from the Diagnostic Innovations Glaucoma Study followed for an average of 3.5±0.7 years.
METHODS:
All subjects had National Eye Institute Visual Function Questionnaire (NEI VFQ)-25 performed annually and standard automated perimetry (SAP) at 6-month intervals. Subjects were included if they had a minimum of 2 NEI VFQ-25 and ≥5 SAP during follow-up. Evaluation of rates of visual field change was performed using the mean sensitivity (MS) of the integrated binocular visual field (BVF). Rasch analysis was performed to obtain final scores of disability as measured by the NEI VFQ-25. A joint longitudinal multivariate mixed model was used to investigate the association between change in NEI VFQ-25 Rasch-calibrated scores and change in BVF sensitivity. Potentially confounding socioeconomic and clinical variables also were analyzed.
MAIN OUTCOME MEASURES:
The relationship between change in NEI VFQ-25 Rasch-calibrated scores and change in binocular SAP MS.
RESULTS:
There was a significant correlation between change in the NEI VFQ-25 Rasch scores during follow-up and change in binocular SAP sensitivity. Each 1-dB change in binocular SAP MS per year was associated with a change of 2.9 units per year in the NEI VFQ-25 Rasch scores during the follow-up period (R(2) = 26%; P<0.001). Eyes with more severe disease at baseline were also more likely to have a decrease in NEI VFQ-25 scores during follow-up (P<0.001). For subjects with the same amount of change in SAP sensitivity, those with shorter follow-up times had larger changes in NEI VFQ-25 scores (P = 0.005). A multivariable model containing baseline and rate of change in binocular MS had an adjusted R(2) of 50% in predicting change in NEI VFQ-25 scores.
CONCLUSIONS:
Baseline severity, magnitude, and rates of change in BVF sensitivity were associated with longitudinal changes in QoL of glaucoma patients. Assessment of longitudinal visual field changes may help to identify patients at greater risk for developing disability from the disease.
Copyright © 2015 American Academy of Ophthalmology. Published by Elsevier Inc. All rights reserved.