Por Dra. Luciana Saker
O glaucoma, principal causa de cegueira irreversível no mundo, impacta significativamente a vidados pacientes. O diagnóstico gera angústia e medo, não só pela possibilidade de cegueira, mastambém pelas limitações que a doença impõe. A autoestima dos pacientes com glaucomafrequentemente é abalada. Com o aumento da expectativa de vida e a melhoria dos examesdiagnósticos, a prevalência do glaucoma tende a crescer nas próximas décadas, tornando ainformação sobre a doença cada vez mais relevante. A qualidade de vida abrange a saúde física e psicológica, a autonomia e a capacidade de realizaratividades do dia a dia. O glaucoma, por ser progressivo e incapacitante, afeta a qualidade de vidaem diferentes graus. Em estágios iniciais, o impacto pode ser mínimo, mas em fases avançadas, ocomprometimento visual pode ser severo, limitando atividades como ler, dirigir e reconhecerpessoas. Essa perda de autonomia gera ansiedade, depressão e baixa autoestima. Nesses casos, aabordagem multidisciplinar é fundamental, com acompanhamento psicológico para auxiliar opaciente a lidar com as mudanças e aceitar a nova realidade.Podemos acrescentar também os pilares para o sucesso no tratamento do glaucoma, que são: umaboa relação médico-paciente, uma boa rede de apoio, adesão ao tratamento proposto e odiagnóstico precoce. Sabemos que quando o glaucoma é diagnosticado antes do comprometimentoda função visual o tratamento costuma ter melhores resultados e menor risco de comprometimentovisual que quando a doença já é diagnosticada em estágios avançados, uma vez que as lesõesglaucomatosas são irreversíveis. O tratamento do glaucoma também pode interferir no cotidiano e qualidade de vida do paciente,quando se torna necessário incorporar o uso de colírios na sua rotina. Em alguns casos, pode sernecessário o uso de duas ou mais medicações, o que modifica os hábitos e também pode trazerefeitos colaterais que podem incomodar o dia- a-dia do paciente.Com a Internet e as redes sociais cada vez mais presentes, o fluxo de informação se tornou maisintenso, o que de uma forma facilita o paciente na busca por informação, mas por outro ladotambém facilita o acesso a informações genéricas e mal desenvolvidas, o que pode aumentar aangústia de quem recebeu um diagnóstico que pode comprometer seu estilo de vida. Por ser oglaucoma uma doença que possui diferentes estágios e diferentes velocidades de progressão, aabordagem deve ser individualizada, e informações genéricas podem piorar o medo da cegueira e aansiedade do paciente.Atualmente temos à nossa disposição, diversos tratamentos, sejam eles através de diferentesformulações de colírios, tratamentos a laser, diferentes técnicas de cirurgias minimamente invasivas,bem como as cirurgias convencionais, que continuam sendo bastante utilizadas para o controle doglaucoma. O tratamento deve ser individualizado, sempre levando em consideração o estágio dadoença, o risco de progressão e a rotina do paciente, e o acompanhamento com um oftalmologistade confiança é fundamental para que o paciente possa sempre contar com as melhores opções parao seu caso.Em casos em que já exista um grau importante e significativo de perda visual, é importante quefamiliares, amigos e cuidadores também estejam aptos a auxiliar o paciente, por exemplo evitandomudança de residência, mudança na configuração e posição dos móveis, facilitar o acesso aosobjetos de uso pessoal, para que o paciente consiga preservar sua autonomia, mesmo apesar daslimitações existentes. A luta contra o glaucoma não é fácil, mas é um trabalho de equipe. O paciente precisa de aliados.Oftalmologista, psicólogo, terapeuta, familiares e amigos devem acompanhar o paciente na lutacontra a cegueira pelo glaucoma. O glaucoma é uma doença traiçoeira e silenciosa, o paciente precisa conviver com este diagnóstico para o resto de sua vida, e contar com o apoio de uma boa equipe ajuda muito a vencer essa batalha diária.