UTILIDADE DA AVALIAÇÃO MACULAR PELO OCT EM PACIÊNTES ALTO MÍOPES – “SUA ATENÇÃO ESPECIAL PARA”

Editor Associado e Comentarios por Roberto Murad Vessani sobre:
Ref.: Macular imaging in highly myopic eyes with and without glaucoma.
Nakano N, Hangai M, Noma H, Nukada M, Mori S, Morooka S, Takayama K, Kimura Y, Ikeda HO, Akagi T, Yoshimura N.
Am J Ophthalmol. 2013 Sep;156(3):511-23

A miopia afeta cerca de 1.6 bilhão de pessoas no mundo. Estudos epidemiológicos apontam a miopia como fator de risco para o desenvolvimento de glaucoma.

Avaliar discos ópticos miópicos é uma tarefa que pode ser difícil devido a maior frequência de alterações como inclinação, ciclotorsão, palidez, escavação rasa e (ou) ampla e área de atrofia peripapilar extensa.

A avaliação da camada de fibras nervosas pela tomografia de coerência óptica (OCT) é uma ferrramenta complementar interessante na avaliação do glaucoma, mas infelizmente sua utilidade parece ser bastante reduzida em discos ópticos miópicos pelas características mencionadas.

Entretanto, a mácula pode apresentar menores distorsões pelo alongamento do globo ocular do que o disco óptico e as estruturas peripapilares. Dessa forma, a avaliação macular pelo OCT seria interessante em olhos com alta miopia e glaucoma.

Nakano e colaboradores examinaram a utilidade da avaliação qualitativa da camada de células ganglionares e camada de fibras nervosas da área macular pelo OCT Spectralis na investigação de glaucoma em olhos com miopia elevada.

Nesse estudo, as imagens obtidas pelo OCT demonstraram que as estruturas maculares são simétricas e não distorcidas em olhos com alta miopia sem glaucoma, apesar da importante distorção do disco óptico e da atrofia peripapilar.

As estereofotografias e as imagens obtidas com o OCT foram avaliadas por 2 especialistas em glaucoma do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Kyoto no Japão.

De maneira interessante, a concordância entre examinadores na avaliação subjetiva das imagens da mácula obtidas com o OCT foi melhor do que na avaliação subjetiva das estereofotografias do disco óptico para separar olhos com alta miopia e glaucoma de olhos com alta miopia sem glaucoma. O mesmo foi observado comparando esses exames na classificação de indivíduos normais, glaucoma inicial e glaucoma severo por cada examinador.

Os autores concluíram que a avaliação da aparência da mácula pelo OCT Spectralis demonstrou maior confiabilidade e melhor acurácia do que as estereofotografias do disco óptico na identificação de glaucoma em olhos com alta miopia.

Os critérios desse estudo foram rigorosos e um importante número de pacientes foram excluídos. Todos os pacientes com glaucoma apresentavam defeito de campo visual e exame de imagem no OCT com qualidade adequada. Sendo assim, seus resultados não podem ser generalizados para todos os olhos com alta miopia, mas geram boas expectativas sobre a utilização de recursos de imagem na área macular na difícil tarefa de investigar glaucoma nesses olhos.