De 1955 a 1958 , através de bolsa de estudo da W.K. Kellogg Foundations, desenvolveu seus estudos nos Estados Unidos, desempenhando suas atividades no Departamento de Oftalmologia da Harvard Medical School, em Boston , no The Johns Hopkins Hospital (Wilmer Ophthalmological Institute) em Baltimore, Maryland e em Stanford Medical School em São Francisco, Califórnia. Quando de sua volta ao Brasil, procurou aprimorar seus conhecimentos em glaucoma, desempenhando atividades conjuntas com o Prof. Archimede Busacca
Em 1959 tornou-se médico contratado do HC-FMUSP para desenvolver funções junto à clinica oftalmológica, e em 1960 defendeu tese de doutoramento em oftalmologia na FMUSP. Em 1961 foi nomeado médico-assistente da clinica oftalmológica da FMUSP e em 1964 defendeu tese de docência livre, tendo sido aprovado com distinção. Através de concurso, se tornou Professor- Adjunto e logo em seguida Professor-Associado da FMUSP. Dirigiu o Serviço de Neuro-oftalmologia da clinica oftalmológica, e em 1966 criou a Clinica de Glaucoma do HC-FMUSP, tendo ocupado o cargo de diretor do Serviço de Glaucoma até sua aposentadoria em 1998. Foi coordenador do curso de Pós-graduação de oftalmologia da FMUSP, e do curso de pós-graduação em oftalmologia “latu sensu”, do Centro de Estudos Universitários do Instituto Internacional de Ciências Sociais. Foi membro de várias instituições médicas do Brasil e do exterior, mais particularmente aquelas ligadas ao glaucoma,
Foi um dos líderes da oftalmologia brasileira , tendo se dedicado intensamente ao glaucoma, o que o levou a ser considerado juntamente com o Prof. Nassim Calixto, com quem desenvolveu importantes trabalhos científicos, o precursor do desenvolvimento do estudo do glaucoma em nosso pais, e consequentemente uma referência entre os maiores especialistas no Brasil e no exterior.
Sua vida acadêmica foi bastante produtiva, publicando grande número de trabalhos científicos particularmente sobre glaucoma, em revistas nacionais e estrangeiras. Foi orientador de grande número de pós-graduandos do curso de pós-graduação da FMUSP e foi incansável no sentido de estimular e promover o desenvolvimento de novos especialistas em glaucoma
Dr. Celso, assim eu o chamava, foi uma pessoa fora do comum. Tive o privilégio de usufruir do seu convívio, quase que diário, por um período de 29 anos, tempo este em que praticamos nossas atividades profissionais e de estudo em conjunto, no mesmo local de trabalho sendo que, em parte desse tempo, Dr. John Helal Jr. compartilhou conosco o mesmo ambiente de trabalho no desempenho de suas atividades profissionais. Ao mesmo tempo que atuávamos em nossa atividade regular de consultório, procuramos também desenvolver estudos científicos em conjunto, a maioria relacionados ao glaucoma, utilizando dados clínicos obtidos em nosso ambiente de trabalho. Dessa forma foram desenvolvidos, somente em nossa clinica, dezessete (17) trabalhos científicos que foram publicados no Brasil e no exterior. Foi um longo período de contatos frequentes, tanto relativos à vida profissional como também relativos às atividades acadêmicas e até mesmo familiar. Assim, minha convivência com o Dr. Celso foi extremamente gratificante. Sua maneira de se conduzir do ponto de vista acadêmico e de ética profissional, bem como seu caráter humanitário, foram exemplos valiosos de como deve ser desempenhada a verdadeira medicina.
Dr. Celso sempre mostrou preocupação em se manter atualizado na aquisição de novos recursos semiológicos usados na prática oftalmológica. Assim, foi um dos pioneiros no emprego e no estudo da ultrassonografia ocular em nosso país. Sistematicamente promovia reuniões de médicos residentes e assistentes do HC em sua residência , com o objetivo de traçar planos de trabalho e novos projetos de estudos. Foi incansável no estímulo aos mais jovens e nunca revelou qualquer sinal de interesse próprio nesse sentido.
Católico fervoroso, Dr. Celso sempre se conduziu rigorosamente segundo os preceitos religiosos, procurando sempre ajudar o próximo, e em particular aqueles mais próximos do seu convívio. Em relação à família, nunca deixou de demonstrar que considerava ser a base de tudo. Viveu intensamente a vida acadêmica e considerava a Faculdade de Medicina da USP a sua segunda casa. Foi um verdadeiro professor na acepção da palavra . Pelo que representou, e pela maneira como sempre se conduziu, merece ser lembrado como um exemplo de vida.
Alberto Jorge Betinjane